Quando o Profeta Mohammad ( Deus o abençoe e lhe dê paz ) foi comissionado encontrou algumas pessoas que maltratavam os vizinhos e adotavam isso como conduta. Cada um dele sera injusto e prejudicava os vizinhos. Elas nem consideravam aquilo como defeito ou erro. Jaafar Ibn Abi Tálib, primo do Profeta Mohammad ( Deus o abençoe e lhe dê paz ) descreveu a sua situação ao se dirigir ao imperador da Abissínia, o Negus, dizendo: “Éramos pessoas da ignorância e do mal, cortávamos os laços de parentesco e tratávamos mal os vizinhos...”[1]
O vizinho não tinha segurança contra o mal do seu próximo.Esperava o mal dele a qualquer momento.O Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) veio paraelevar o valor da boa vizinhança, e deu muitos direitos ao vizinho que ajudaram a assegurar à comunidade e estabelecer as bases de amor, segurança, e da cooperação entre seus membros.
Ele revelou,com isso, que sua mensagem não era apenas de culto para a reforma da religião, mas invocava a reforma da vida, da sociedade e de todos os tipos de transações. É uma reforma dos vários aspectos da vida. O Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) foi o primeiro a aplicar os direitos e deveres, para ser um modelo para os outros ao fazê-lo.
O direito do vizinho na mensagem de Mohammad
( Deus o abençoe e lhe dê paz ):
Os versículos do Alcorão afirmam o direito do vizinho e recomendam-no.Allah, Glorificado Seja, diz: “Tratai com benevolência os vossos pais e parentes, os órfãos, os necessitados, o vizinho próximo, o vizinho estranho, o companheiro de lado, o viajante sem recursos.” ( As Mulheres: 36).
Ibn Kacir disse na interpretação deste versículo o que se deseja com o vizinho: “O vizinho parente: com quem você tem parentesco; o vizinho de lado, que você não tem parentesco com ele. Ele cita as palavras de alguns estudiosos de que: O vizinho parente significa o vizinho muçulmano, e o vizinho do lado, quer dizer, o não muçulmano;ambos os pontos de vista recomendam o vizinho.”[2]
Muitas tradições foram transmitidas com base no Profeta Mohammad ( Deus o abençoe e lhe dê paz ) com firmes recomendações quanto ao vizinho, pela posição que o vizinho tem e seus direitos que devem ser preservados.O Profeta Mohammad ( Deus o abençoe e lhe dê paz) pensou por causa da insistente recomendação de Jibril ( a paz esteja com ele ) pelo vizinho, que achou que ia torná-lo um membro da família e seria um dos herdeiros. Abdullah ibn Ômar narrou que o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “O Arcanjo Gabriel insistiu tanto acerca do bom-trato para com o vizinho, que cheguei a pensar que o incluiria como um dos herdeiros.”[3]
A palavra “insistiu tanto”, isto é, sempre que me encontrava com ele, e ao ir embora, recomendava o bom trato ao vizinho, e insistia com isso, que Mohammad ( Deus o abençoe e lhe dê paz ) pensou que Deus, Exaltado Seja, devido à insistência da recomendação, de se ser benevolente com o vizinho, iria lhe conceder o direito à herança.
O Islam fez o melhor vizinho é quem for benévolo com o outro vizinho. Foi narrado que Abdullah ibn Amr ibn al-‘Ás que o Profeta ( Deus o abençoe e lhe dê paz ) disse:“O melhor dos amigos, aos olhos de Deus, é quem for melhor para o amigo. O melhor dos vizinhos, perante Deus, é quem convive melhor com o vizinho.”[4]
O Profeta Mohammad ( Deus o abençoe e lhe dê paz ) disse que as piores desobediências, e os piores pecados constituem em prejudicar o vizinho, na traição ao direito de vizinhança, porque o dever do vizinho é ser honesto quanto aos bens do vizinho, protegendo a sua honra e dignidade. Se o defeito é causado pelo próprio vizinho, isso é considerável indesculpável perante Deus, pois constitui em dano e traição. O Micdad ibn Al Asswad relatou que o Profeta Mohammad ( Deus o abençoe e lhe dê paz ) disse aos seus companheiros um dia, enquanto falava com eles: “O que você dizem sobre o adultério?” Disseram: “É haram (ilícito), proibido por Deus e Seu Mensageiro, e é haram até o Dia da Ressurreição.” O Mensageiro de Deus ( Deus o abençoe e lhe dê paz ) disse: “É mais fácil para o homem praticar adultério com dez mulheres, do que cometer fornicação com a mulher do vizinho. O que vocês dizem do roubo?” Disseram: “É proibido por Allah e Seu Mensageiro; é haram até o Dia da Ressurreição.!” Ele disse: "É mais fácil o homem roubar dez casas de que roubara do vizinho.”[5]
Ibn Mass’ud disse: "Perguntei ao Mensageiro de Deus, qual era o pecado maior?Ele respondeu:“Atribuir rival a Deus, sendo Ele Quem o criou.” Voltei a perguntar: “E qual é o seguinte?” Ele disse: “Matar o seu filho por medo que se alimente consigo.”Perguntei: “Então o quê?” Ele disse: “Praticar adultério com a mulher do vizinho.”[6]
A sua esposa, Aicha, lhe perguntou: "Ó Mensageiro de Deus, tenho duas vizinhas,a quem devo presentear? - querendo dizer, se eu tenho uma coisa para presenteá-la, quem das duas tem a preferência? O Mensageiro de Deus ( Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “À mais próxima de sua porta.”.[7]
Ele também destacou a importância de um sorriso de vizinho para vizinho, o comer de sua comida, se lhe der alimento. Abu Zar relatou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz ) disse: “Não menosprezes qualquer ato de bondade, inclusive o de receberes o irmão com semblante alegre.”[8] E o Profeta Mohammad ( Deus o abençoe e lhe dê paz ) disse:“Ó Abu Zar, quando estiveres fazendo sopa, acrescenta um pouco mais de água nela, e verifica se o teu vizinho necessita de um pouco.”[9]
O Mohammad ( Deus o abençoe e lhe dê paz ) ensinou que o vizinho tem direitos sobre o outro, participando com ele de sua alegria e tristeza, de presente á-lo como alimento que tiver, embora de pouco sopa, a fim de fazê-lo sentir sua posição e o interesse nele, não causar-lhe dano ou abuso, proteger sua esposa e filhos na sua ausência, de prestar-lhes serviços e cuidar de seus assuntos, se precisarem, abstendo-se de prejudicá-los, e não permitir que os mais velhos agridam os mais jovens, ou tirar um direito deles.
Ele recomenda amor, respeito, bom tratamento a ele, e ser amigável com ele, sempre que tiver a oportunidade. Deve visitar o doente, ser simpático para com ele e prestar-lhe serviço, ajudá-lo quando necessário, desejar-lhe o bem enão olhar para as suas mulheres.
O Profeta ( Deus o abençoe e lhe dê paz ) disse: “Quatro coisas proporcionam felicidade: a mulher digna, a casa espaçosa, o bom vizinho, e a montaria confortável. E quatro coisas causam infelicidade: o mau vizinho, a esposa ruim, a montaria ruim, e a casa pequena.”[10]
Lidar com os vizinhos:
O Profeta Mohammad procurou zelosamente confirmar e consolidar na prática o tratamento ao vizinho para implementar o sentido teórico que ele proclamou e confirmou. Ele ressaltou, por exemplo, quanto à evitar prejudicar de forma prática, porque você conhece o segredo do vizinho e ele conhece o seu segredo. Possivelmente, você ouve dele ou sobre sua vida privada algo que ninguém conhece além de você.Tal segredo pode ser explorado para prejudicá-lo cujo dano seria maior do que qualquer dano de outra pessoa, porque você sabe onde prejudicar, e quais as feridas seriam mais dolorosas para ele. Por isso, ele vinculou entre a segurança da fé e o afastamento de danos ao vizinho. Ele disse: “Aquele que crê em Deus e no Dia do Juízo Final não deve causar nenhuma inconveniência ao seu vizinho.”[11]
Abu Huraira relatou que um homem disse ao Mensageiro de Deus: “Fulana é uma mulher que faz muitas orações e jejuns. Porém, fere os vizinhos com sua língua.” Ele disse: “Estará no fogo do Inferno.” O homem disse de novo: "Ó Mensageiro de Deus, sicrana é conhecida pelas poucas orações e jejuns, mas ela pratica caridade e não prejudica os vizinhos.” Ele disse: "Estará no Paraíso.”[12]
Abu Huraira relatou que o Mensageiro de Deus ( Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Não ingressará no Paraíso aquele cujo vizinho não se encontra a salvo das suas más ações.”[13]
Por outro lado, o Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) nos ensinou que se o vizinho pedir permissão para usar algumas das coisas que Deus lhe deu, deve autorizá-lo a fazê-lo. Foi narrado por Abu Huraira queo Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse:“Que ninguém impeça que seu vizinho introduza uma viga de madeira em sua parede!”[14]
O vizinho pode precisar ou ser forçado a ampliar a sua casa e dos seus dependentes. Isso pode requerer a fazer alguma coisa na sua propriedade. Se ele quiser,autorizo-opor amor e generosidade, pois Deus estará ajudando o servo enquanto este estiver ajudando o seu irmão.
14) No que diz respeito à dádiva, o vizinho tem mais conhecimento do outro, e sabe dele o que ninguém sabe. As pessoas podem se enganar por causa da aparência de outras, sem nada sobre remdeles. Um vizinho, porém, não se engana.Se estiver precisando de dinheiro, deve lhe dar do que Deus lhe deu, pois, além de sua necessidade como pobre, tem o direito do vizinho, e tem prioridade sobre o pobre distante. Se lhe pedir emprestado e você poder lhe emprestar, faça-o. O Mensageiro de Deus ( Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Não acredita em mim quem for dormir e o seu vizinho está com fome ao seu lado, e ele sabe disso.”[15]
E, assim, refletem os significados das melhores lealdades, cooperações ea preocupação com o outro que vive conosco. Esses significados maravilhosos foram plantados pelo o Profeta Mohammad ( Deus o abençoe e lhe dê paz ) em seus companheiros. E ele foi o melhor e o mais meritório vizinho para seus vizinhos.
[1] Tradição compilada por Ahmad, v. 3, nº 180. Foi atestada pelo Albáni no Sahih Assira.
[2] Exegese de Ibn Kacir, 1/424.
[3] Tradição narrada por Bukhári e Musslim.
[4] Tradição narrda por Tirmizi, nº 1944, e atestada pelo Albáni.
[5] Tradição narrada por Ahmad, nº 23342, e atestada pelo Albáni.
[6] Tradição narrada por Bukhári e Musslim
[7] Tradição narrada pelo Bukhári, nº 2259.
[8] Tradição narrada por Musslim, nº 6857.
[9] Tradição narrada por Musslim, nº 2625.
[10] Tradição narrada por Ibn Hibban, em seu Sahih, nº 4032, e atestada pelo Albáni.
[11] Tradição narrada por Bukhári e Musslim.
[12] Tradição narrada por Ahmad, nº 9383, e foi atestada pelo Albáni.
[13] Tradição narrada por Musslim, nº 46.
[14] Tradição narrada por Bukhári e Musslim.
[15] Tradição narrada pelo Tabaráni, no Livro “Al Kabir”, nº 751, e atestada pelo Albáni.